Shining Force e o J-RPG com Dungeons and Dragons

O console Mega Drive, da Sega, era considerado o melhor para jogos de ação e simulação, na era 16-bits (1988-1996), quando seu grande concorrente era o Super Nintendo, da empresa homônima. Contudo, deixava a desejar nos jogos que apresentavam algum storyline, principalmente se comparado à exclusividade que a Nintendo tinha sobre a série Final Fantasy, que já despontava como a mais importante entre os J-RPGs, além da franquia Breath of Fire e do tardia, porém pioneiro e lendário, Chrono Trigger.

RPG tático e bem D&D

Porém, visando ao mercado americano, a Sega desenvolveu Shining Force (1992), um título no padrão clássico dos RPGs japoneses do fim de século, com gráficos pixel-art, vistos de cima, castelos, florestas etc, porém bem medieval europeu, ao contrário dos exoterismos de cristais ou das aventuras steampunk em que a Nintendo metia Final Fantasy. Com isso, a bem da verdade, mas de maior absorção por japoneses.

Shining Force, não. Era feito para o ocidente. E contava a história de Max, um soldado enviado em missão para impedir que o maligno Kane, que comanda as tropas do reino de Runefaust, invoque um poderoso dragão negro para dominar toda a terra de Rune. Max representa o reino inimigo de Runefaust, Guardiana. Ao longo do caminho, Max recruta vários amigos para o seu grupo, que ganha o nome de Força Brilhante (em inglês, Shining Force), entre eles magos e monstros aliados, para lidar com várias quebras de enredo que tornam a narrativa surpreendente. Tudo isso com, como bom J-RPGs, exploração de cidades fantasiosas e muitos ecossistemas arredios, como florestas, cavernas, montanhas e desertos, cada um infestado de seus monstros característicos e, invariavelmente, um chefe colossal e amedrontador ao fim.

Sem quebras de expectativas quanto a isso. Não tem uma maga delicada que bate pra caramba, um Magus, um Sephiroth. É monstro de dez cabeças e sangue nos dentes.

Com estratégia

E não adianta achar que é só apertar botão. Em Shining Force é preciso mover taticamente as peças nas cenas de batalha, para maximizar os ataques e minimizar os danos. Nada de destreza nos dedos nas manetes (a gente chamava assim, nos anos 1990. Hoje vocês chamam de controles), ou de apertar o ataque no menu, indiscriminadamente, curando daqui e dali até a luta acabar. Se o estilo já tinha surgido anteriormente, foi com Shining Force que alcançou a sua melhor forma.

Por que jogar?

 

Existe uma febre de jogos retrô, atualmente, mas não propriamente um retorno aos clássicos. Se no cinema e na literatura já se tem o clássico como experiência necessária, é muito bom trazer essa experiência aos games. Shining Force entrega cenário, entrega história épica, jogabilidade e o carisma de Max, um bonachão que se vê herói e faz de seu carisma o recrutamento de figuras heroicas, valorosas, amorosas e controversas por todo o continente de Rune. Uma pena eu não ter encontrado esse jogo pelo caminho, quando tinha meu Mega Drive, mas o acesso aos jogos ainda era restrito aos disponíveis na locadora perto de casa.



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