Os Últimos Czares: o outro lado da ascensão comunista

Como pôde a monarquia Russa, uma das mais poderosas da Europa, cair diante de um comunismo liderado por camponeses e trabalhadores com paus e pedras?

Assim ensina-se, superficialmente, sobre a Revolução Russa e a queda e assassinato dos Romanov, casa reinante no Império Russo. Entretanto, a série “Os últimos cazares” (2019), produzida pela BBC e exibida pela Netflix, coloca luzes sobre o emblemático episódio, num empreendimento raro e de produção cara.

Docudrama

Trata-se de um documentário em que especialistas depõem sobre o acontecimento histórico, ao mesmo tempo em que se desenvolvem cenas interpretadas por atores, demonstrando como ocorreram fatos em sequência, ao longo de quase trinta anos, para que a casa Romanov ruísse por dentro. Ao contrário dos muitos documentários, ou docudramas, feitos nesse estilo por BBC, History Channel, Discovery Channel e afins, este especialmente se notabiliza pela grandiosidade das cenas dramáticas, que bem poderiam constituir uma obra de ficção.

Em seis episódios de 50 minutos, a série conta a sucessão de erros e afastamento em relação ao povo, da casa real russa, e o quanto esse descolamento implicava os próprios atos de governo. Assassinatos prévios, antes do que viria a matar toda a família do czar, foram ignorados. O nascimento de um filho hemofílico, que traz ao palácio o místico Rasputin como homem de confiança, o empreendimento de uma guerra fadada ao fracasso contra o Japão. A entrada em desgaste na Primeira Guerra Mundial.

Nada parava em pé na casa Romanov, e a revolução de 1917 não se dá propriamente pela revolta dos trabalhadores – ela também – mas sobretudo pela deserção de soldados exaustos na Grande Guerra, que retornam aliados aos revoltados de uma Moscou e uma São Petersburgo convulsionadas. Neste meio tempo, até o último minuto o fraco czar Nicolau II não vê possível sua queda, o que atrasa as medidas necessárias para evitá-la e, em última instância, salvar a sua vida e a de sua família. Resultou o fim trágico.

Por que assistir?

Documentários com drama são sempre uma opção para quem não está acostumado com o gênero, sem todo o apelo narrativo e de grandes atuações, atores favoritos etc. Geralmente são uma iniciação no gênero, por isso muito utilizados por canais de TV. Também são comuns para temas históricos, dado o seu didatismo. A diferença é que a maioria é pobre, apenas usando as cenas dramáticas como bengalas para as falas de especialistas.

Neste, não. Desenvolve-se um verdadeiro filme dramático em paralelo aos registros documentais de historiadores, caindo como uma luva para quem não curte documentário, mas quer saber sobre a polêmica acensão do comunismo, porém sob a ótica daqueles que foram executados.



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